Desejos



Tenho poucos desejos. Poucos, porém sinceros. E intensos. E antes que eu pareça alguém sem pretensões, sem sonho nem personalidade, vou logo avisando: tenho poucos desejos porque quero. Porque na verdade, não preciso de mais, sempre mais. Preciso do essencial, aos poucos, na medida certa. Isso ajuda a equilibrar meu super ego, que um dia já foi muito mais super, muito mais gêmeos. A idade também traz esse equilíbrio, essa moderação, esse querer comedido, porque quanto mais a gente sabe que nosso tempo está passando, e que algum fim se aproxima, mais temos calma em realizar as coisas, porque não precisamos que elas sejam urgentes. Precisamos que elas sejam perfeitas, ou que pelo menos possuam a sua parcela de perfeição que conforta a alma, aquele pedacinho que estava lá, faltando, pro seu dia ficar mais bonito. Não precisam ser noites perdidas e estar em casa de manhã. Basta serem alguns minutos, algumas horas, as pessoas certas, as palavras certas, a dose exata.


Luiz Marcel

Fontes:
http://tomazulado.blogspot.com.br/texto
http://devaneiocolorido.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.html/imagem

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Te quero



Te quero. Te quero molhado, com o cabelo despenteado, com cara de sono, com sorriso malicioso, com olhar sincero. Te quero sorrindo, bravo, nervoso, emburrado, feliz, chateado, triste. Te quero lindo, te quero feio, te quero desarrumado, te quero perfumado. Te quero na sala, no quarto, na rua, tanto faz. Te quero aqui, te quero acolá. Te quero para transformar eu e você em nós.


Tati Bernardi

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Saúde



Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor

Mas ninguém sai de cima, nesse chove-não-molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim

Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais

Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz

Rita Lee

Fontes:
http://letras.mus.br/rita-lee/118834/letra
https://www.facebook.com/pages/Presentes-com-poesia/imagem



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Paradoxo



A dor que abate, e punge, e nos tortura,
que julgamos às vezes não ter cura
e o destino nos deu e nos impôs,
é pequenina, é bem menor, e até
já não é dor talvez, dor já não é
dividida por dois.

A alegria que às vezes num segundo
nos dá desejos de abraçar o mundo,

e nos põe tristes, sem querer, depois,
aumenta, cresce, e bem maior se faz,
já não é alegria, é muito mais
dividida por dois.

Estranha essa aritmética da vida,
nem parece ciência, parece arte;
compreendo a dor menor, se dividida,
não entendo é aumentar nossa alegria
se essa mesma alegria
se reparte.


J.G. de Araújo Jorge

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Eu não escrevo mais!



Faz tempo que eu não escrevo mais. Quando me perguntam "por quê?" eu digo que é falta de tempo, silêncio ou inspiração. Mas na verdade não, só estou criando desculpas para não escrever, estou criando desculpas para não me ler nessas linhas mal contadas, estou com medo de me ver e não me reconhecer. Eu não escrevo mais. Eu temo em não achar as palavras certas. Então me enrosco, e compreendo todas as fragilidades dos seres humanos sobre se expressar e traduzir os engasgos. Perdeu, fugiu, foi pra alguma rua desconhecida como essas muitas em que tenho andado ultimamente, se perdeu naquela curva que sopra sobre os ombros e me leva pra longe. Eu não escrevo, não faço contas de matemática, não faço apostas, nem ao menos rabiscos. Dos meus desenhos sobraram só riscos, e eu perdi o risco por medo de errar. Eu não escrevo mais, perdi a força, amigos, o riso, as coisas. Também não corro mais, perdi meu joelho, meu elo, e até meu jeito. Não escrevo mais sobre meus sentimentos confusos, não lhe conto mais meus medos, não me importo em chorar para a câmera, não ligo de fotografarem meu drama se colocarem uma legenda suave, transformando aquele momento em poesia. E não foi bonito, não é bonito. Aquela música alta, as pessoas desviando seus corpos do meu braço fino e arrepiado, uma dor de cabeça velha voltando e me avisando que é hora para todos os remédios, mas não há remédio que cure. Se alguém perguntar por que foi que eu chorei, ninguém se importará em dizer, o silêncio me define cautelosamente em todos os segundos. Tem uma parte faltando, que não está aqui, não está lá. E eu já nem sei onde procurar.
Então penso em sair por aí andando sem rumo numa noite qualquer, mais uma pose, parar em frente a um bar e observar os homens descontrolados com suas bebidas que passam a me vigiar com olhos e bocas vermelhas me oferecendo cigarros, bebidas, comidas de bar. Provavelmente eu inventaria uma crise alérgica e uma rinite cansada. Qualquer coisa pra mostrar que eu sou diferente. Qualquer coisa pra afastar as pessoas de mim. Qualquer coisa pra fugir pra um outro lugar, outra pose, mais um flash. Só não sei mais de quem estou fugindo, se das pessoas ou de mim. Coloco fogos em todas as minhas vontades de mudar de bairro, de cidade, de clima e de estranhos. Aceito a palavra problema colada em meu nome, aceito o olhar de um bêbado para as roupas que visto, aceito alguns minutos de covardia para não sair distribuindo meu horror pelo mundo. Ser a medrosa de poses iguais querendo entender o porquê dessas fugas. Tentando copiar o final do filme onde a moça pede ajuda em uma mesa de bar e acaba encontrando um filosofo que entende da vida e de feridas internas, de dores expostas, de todo esse vocabulário escolhido em minha defesa. Quem sabe ele possa me explicar alguma coisa, ou pelo menos que alguém cantasse 'que também é uma gota d'água, um grão de areia', e que também tem medo ver o próprio rosto depois que o flash disparou. Tolices. Ninguém sabe sobre o antes de todos aqueles olhos vermelhos me pedindo uma explicação. Ninguém sabe porque eu não escrevo mais, só solto alguns mundos, e ecos mudos.

Desconheço o autor.

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Destino traçado



Engraçado...
Num momento solitário pensei no destino.
Traçado foi o meu sem que me pedisse permissão.
Por quem?
Busco sempre essa resposta e sempre bato a porta.
A fazer tantas interrogações.
Talvez eu esteja sendo “boba” ao indagar o porquê!?
Mas quero e preciso entender onde foi que me perdi.
Silenciosamente caminho sem me queixar.
O meu sofrimento não é o único, outros sofrem.
A minha dor não é maior que a dos outros.

Há... boba sou eu por o destino querer entender!?

Às vezes pessoas entram em nossas vidas, transforma nossos dias e noites...
Preenche-nos de algo que a muito buscávamos, torna nossos dias alegres e coloridos.
Faz-nos sentir num paraíso, deixa em nossos lábios sempre o riso.
E sem pedir permissão partem.
Sem nem ao menos dizer um adeus.

Será que também já fiz isso com alguém?
Se o fiz não tenho lembranças.
Pois sempre procuro ser transparente em minhas ações.
Mas traiçoeiro é o destino.
Ele sempre leva tudo que tenho sonhado...

E arrasa-me cada vez mais neste caminhar, nesta estrada.
Brinca com meus sentimentos e emoções.
Não escuta meu coração quando alça o grito.
Não ouve o silencio da minha alma.
Não enxerga o amor que tanto amo.

Não percebe que a vida se esvai sem rumo.
E que muito breve partirei deste mundo.
Algoz destino...
És surdo, mudo, cego e sem coração!?

Não enxerga a minha aflição, tem sempre a linha traçada...
Não volta atrás, não muda a direção.
Não dá ouvido, razão, não aceita minhas decisões.
Pois é dono a razão!

Então só resta-me aceitar-te? 

Sol Almeida

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Abraço



Mas o melhor do abraço não é a ideia dos braços facilitarem o encontro dos corpos. O melhor do abraço é a sutileza dele. A mística dele. A poesia. O segredo de literalmente aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá descanso à palavra. O silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra precise se juntar à outra. O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante.

Ana Jácomo

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No Recife, o Cinema São Luiz festeja 60 anos !




Se a experiência de ver um filme no cinema é bem diferente de assisti-lo no sofá de casa ou na tela do computador, assistir à mesma obra em um cinema como o São Luiz, no Recife, pode trazer uma vivência ainda mais prazerosa. Inaugurada no dia 6 de setembro de 1952 pelo grupo Severiano Ribeiro, a sala que fica às margens do Rio Capibaribe comemora 60 anos nesta quinta-feira (6), e é considerada um monumento histórico desde 2008, quando foi tombada pela Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Com seus vitrais luminosos, sua cortina de veludo, os detalhes que vão do teto ao chão e o painel de Lula Cardoso Ayres na entrada, o São Luiz é hoje a maior referência de cinema de rua em uma cidade que, no início do século XX, já teve centenas de cinemas de bairro.




Comemoração

No último dia 17 de agosto, o São Luiz foi fechado novamente. Desta vez, a reforma busca melhorar as qualidades do cinema para abrigar a mostra especial de seu aniversário, que acontece a partir desta quinta (6) e segue durante todo o mês de setembro. Na estreia, o filme escolhido é um dos mais marcantes na história do cinema pernambucano: “O canto do mar”, de Alberto Cavalcanti, que estreou na sala da Rua da Aurora em 1953.

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